Neste ano mais de 5.500 prefeitos tomam posse no Brasil todo, parte deles por reeleição, outra parte pela primeira vez. O preocupante é se estão realmente preparados para isso, se possuem uma visão mínima do que seria um bom prefeito, não apenas para os próximos 4 ou 8 anos, e sim para uma escala temporal de cidade, a qual mede curto prazo em anos, médio prazo em décadas e longo prazo em séculos.
Será que são realmente estadistas? Será que sabem o real papel do prefeito? Sabem o que é um Plano Diretor? Sabem que além do representante de governo há também o papel de gestor de uma organização chamada prefeitura que exige muito mais que um líder corporativo?
Será que sabem que existem ferramentas poderosas do Estatuto da Cidade já consolidadas e prontas para serem usadas que podem transformar o espaço urbano, gerar qualidade urbana democrática, equânime e trazer ganhos para todas as partes, desde que se conheça uma forma de lidar com o mercado (coisa que quase nenhum prefeito sabe fazer)? Sabem o que é uma Operação Urbana? Sabe que há formas inteligentes de produzir muito se aproveitando do mercado, se apropriando da mais-valia urbana em mãos de empresas privadas?
Sabe que a função social da propriedade está prevista na Constituição? Sabe que resolver problemas urbanos e de habitação popular é uma obrigação, e não uma opção?
Sabem que a sociedade espera que a prefeitura faça projetos, não apenas de engenharia, mas projetos de cidade, que dê uma visão de futuro para todos? Sabe que há muito (muito mesmo) capital esperando por projetos para serem transformados em investimentos, nacionais e internacionais, das mais variadas fontes, e boa parte a fundo perdido?
Sabe que a participação popular é obrigatória? Sabe o que é uma audiência pública? Sabe como isso deveria ser feito?
E o principal: será que o eleitor fez alguma dessas perguntas antes de votar?
Cruzemos os dedos.