por Ricardo Trevisan
Parabéns, Saldanha. Você teve coragem de nadar contra a correnteza que ultimamente tem levado a racionalidade para bem longe do Brasil. Parece que precisou um brasileiro estar longe daqui para enxergar com mais clareza o cenário real do país. Um feitiço deixou este país preso a ilusões, estão todos no contágio da histeria coletiva por conta de Copa, Olimpíadas, retomada do crescimento, desemprego em baixa, e estamos nos esquecendo que continuamos com uma das maiores desigualdades de renda do planeta, com uma infraestrutura precária que não atende nem nossas necessidades domésticas (imagine o que dizer de necessidades de eventos globais…). Continuamos com um eleitorado apático a seus governantes corruptos, com um sistema educacional falido. Como imaginar um futuro próximo para nosso país sem considerar tudo isso?
É por isso que discordo daqueles que o criticam, pois o filme mostra a mais pura verdade brasileira: a ignorância de nosso povo sofrido, a pobreza que nos assola a séculos, a criminalidade tolerada pelo Estado e pelo povo, o tráfico (não se engane, no filme não poderia ser mais que de animais, mas a mensagem ficou), a hipnose do futebol, a sensualidade num ambiente paradisíaco com uma linda trilha sonora brasileiríssima (mas só em algumas músicas, pois respeitamos o imperialismo cultural…).
Até nossos aeroportos carentes e as redes elétricas precárias apareceram.